2 de jul. de 2012

Balolelli

Balotelli




Hipocrisia e racismo no caso Balotelli. O truque da Gazzetta dello Sport para tentar não ser processada, após compará-lo ao gorila King Kong…


Contra a Espanha e a Croácia, bastava a bola chegar a Balotelli.
E das arquibancadas vinha o mesmo som.
Torcedores imitando macacos.
Espanhóis e croatas o comparavam a símios por ser negro.
Em plena Eurocopa, mais uma demonstração nojenta de racismo.
Contra a Irlanda, ele marcou um gol e se preparava para desabafar.
Mostrar sua ira contra os torcedores, mas foi calado pelos companheiros italianos.
Com as mãos, taparam sua boca para que não ofendesse ninguém e fosse expulso, suspenso.
Eles sabem o gênio forte do atacante.
Filho de imigrantes ganeses, Mario nasceu em Palermo.
Foi abandonado no hospital pelos pais pobres.
Acabou sendo criado pelos médicos por dois anos.
Foi quando o Tribunal de Menores mandou que fosse entregue para a adoção.
Acabou com a família Balotelli, de Consécio, Província de Bréscia.
Aos 18 anos pôde assumir a cidadania italiana.
Tão talentoso quanto problemático, o atacante de 21 anos é uma das maiores esperanças da Itália para a Copa de 2014.
Do pequeno Lumezzane passou para a Inter e depois foi para o Manchester City por R$ 78 milhões, em 2010.
Apesar de reconhecer seu talento, a direção da Inter o negociou graças às inúmeras polêmicas e brigas no clube.
Mas o jogador queria sair da Itália por não suportar as provocações racistas de torcedores de outras equipes.
Tudo estava se repetindo na Eurocopa, quando tudo ficou ainda pior na Itália.
A atitude descabida veio de quem deveria ser mais evoluído do que torcedores racistas.
Após a vitória da Itália nos pênaltis contra a Inglaterra, o jornal Gazzetta dello Sport foi ridículo.
Para comemorar a classificação publicou uma charge.
Nela, Balotelli aparece como King Kong em cima do Big Ben.
A comparação a um gigantesco gorila foi repudiada pelos próprios leitores do jornal.
A charge acabou tão racista quanto os ignorantes torcedores da Eurocopa.
E foi criticada mundialmente.
Balotelli deve processar a publicação quando acabar o torneio na Polônia.
Veio a partida ontem entre a surpreendente Itália e a favorita Alemanha.
O atacante rouba a cena.
Marca os dois gols da vitória na semifinal.
Após o segundo, faz questão de tirar a camisa.
Sabe que toda a atenção está voltada a ele.
E mostra com orgulho que é negro.
Depois do jogo, o jornal que já havia pedido desculpas ao jogador, foi além.
Deu uma mostra de hipocrisia.
Para tentar colocar uma pedra no assunto e não ser processado, publicou com destaque no seu site.
Uma foto imensa do atacante sem camisa.
E com a manchete: "Orgulho da Itália".
Foi apenas mais uma demonstração de cinismo.
Não há nada de patriótico no gesto.
É puro medo de perder milhões de euros com o processo que chegará.
Fica a lição.
Racismo é imperdoável entre os ignorantes.
Mas na classe formadora de opinião é inadmissível.
A Gazzetta tem de pagar pela estupidez que divulgou.
Logo na Itália, um país que ainda carrega as cicatrizes do fascismo de Mussolini.
Que Baloteli não volte atrás.
Leve até o fim a ideia do processo.
Faça do caso um exemplo contra a discriminação.
Contra a ignorância.
Que não caia no truque interesseiro e hipócrita de quem não só o humilhou.
Ridicularizou os negros ao compará-lo a um gorila...


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